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quinta-feira, 26 de março de 2015

O Principe dos Coxinhas é Preto Pai João.


Em um trecho do vídeo Holiday afirma: "Nós negros e pobres podemos sim vencer na vida através do mérito, não precisamos ficar como vermes, como verdadeiras parasitas atrás do estado, querendo corroer cada vez mais e mais, com esse discurso de merda, com esse discurso lixo. Vocês fazem dos negros verdadeiros porcos no chiqueiro, que ficam fuçando a lama através do resto que o estado tem a nos oferecer. Pobres da periferia, negros da periferia, não se submetam a esse discurso"
Para Sacramento, o rancor de Holiday ignora o contexto histórico e as pesquisas que comprovam a necessidade de cotas raciais nas universidades. Um estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) diz: "no ensino superior, a desproporção entre a presença da população preta e parda e a população branca triplicou entre 1976 e 2006. Se em 1976 5% dos brancos com mais de 30 anos possuíam diploma superior, contra 0,7% dos negros, em 2006 os brancos que possuíam algum diploma de ensino superior somavam 18% da população, contra apenas 5% dos negros. A despeito de uma substantiva expansão da oferta de vagas no ensino superior nesse período, o hiato racial não se reduziu. Tal realidade começou a se modificar somente a partir da adoção das políticas de ação afirmativa, no começo dos anos 2000".
"Outro estudo, do IBGE, constatou que de 2001 a 2011 o percentual de negros no ensino superior passou de 10,2% para 35,8%, consequência, em parte, das ações afirmativas que começaram a ser implantadas a partir de 2003.  Apesar do aumento, o percentual ainda está abaixo dos 50,7% de negros na população do país, mostrando a urgência em consolidar as políticas de cotas", diz Sacramento, que completa: "É triste ver um adolescente negro chamar a luta por ações afirmativas de 'discurso da vagabundagem' e fazer o papel de capitão do mato. Só resta esperar que Holiday possa, uma hora, se livrar dessa miséria psicológica. A realidade (e ele obviamente sabe disso) é que ele sempre será preto".

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O suplício de Hércules



Este Hércules, de sobrenome Menezes Santos, não é nenhum gigante musculoso, nem parece ter a proteção dos deuses.
É “negro, baixo e troncudo” e isso lhe valeu um ano – mais precisamente, um ano, um mês e dois dias – de cadeia “preventiva”, como nos conta o bom texto da repórter Constança Rezende, em O Dia.
Durante o qual perdeu, certamente, mais do que a namorada, o emprego e o pouco que conseguira guardar como  funcionário de uma rede de supermercados.
Perdeu, com certeza, algo por dentro de si, que terá de fazer um esforço hercúleo para voltar a existir dentro deste Hércules de Nova Iguaçu: fé na Justiça e que o Olimpo é longe, muito longe da Baixada Fluminense.
Hércules estava no Facebook de um homem acusado de ser receptador de rodas de automóvel roubadas.
Negro, baixo e troncudo, foi “reconhecido” por testemunhas de um dos roubos.
Ora, crioulo, ainda mais “baixo e trocudo”, só podia ser.
Hércules não fugiu da acusação, ao contrário.
“Reuni meus documentos e fui correndo para a delegacia para tentar esclarecer algum mal entendido. Mas lá já me algemaram, como se eu fosse um criminoso”.
E não era, assim “negro, baixo e troncudo”?
Também não adiantou que pessoas presentes ao aniversário da filha de amigos, onde Hércules estava na hora em que, supostamente, estaria roubando o carro, adiantou.
Sabe como são os pobres, eles se protegem uns aos outros, não é?…
Não sei, mas é provável que Hércules de início não tivesse advogado – essa raça que protege bandido – e mesmo um defensor público – outra praga que vive protegendo criminosos.
Depois, passou a ser defendido pelo escritório Fernando Fernandes.
Mas tinha “testemunhas” de seu crime, que reconheceram o “negro, baixo e troncudo” Hércules .
O Sr. Doutor Promotor, com certeza muito preocupado em defender a segurança das rodas de automóvel, mandou o Hércules para a cadeia, com o “de acordo” de um Juiz de Direito igualmente cioso da integridade de aros e pneus.
Um ano, um mês, dois dias e depois de as testemunhas terem dito em Juízo que podia, quem sabe, talvez, ser outro “negro, baixo e troncudo” que tivesse roubado.
Ainda assim, negaram-lhe um habeas-corpus na 8a. Câmara Criminal, agora em janeiro. Afinal, o que é o princípio da presunção da inocência, perto da presunção de infalibilidade do doutor delegado, do doutor promotor e do doutor juiz, que não são nem negros, nem baixos ou troncudos.
Então, Suas  Excelências, num gesto largo de bondade, mandaram soltar Hércules, ou o Hércules sem o pedaço da alma que perdeu nesta história. Da alma e da vida, como conta o advogado Marcelo Dias, da Comissão de Igualdade Racial da OAB do Rio:
“Hércules deixou de receber salário e teve danos morais e psicológicos. Ficou amargando na prisão neste período todo. Ele trabalhava com carteira assinada, tinha endereço fixo, e não tinha antecedentes criminais. Pelo Código Penal, ele não apresentava risco à sociedade e poderia responder o caso em liberdade”.
Se alguém queria saber dos riscos de uma prisão provisória ser prolongada e prolongada e como “garantismo” é essencial para a humanização da Justiça, aí está uma boa história.
Para os que não são negros, baixos, troncudos e pobres refletirem o que lhes poderia acontecer, como acontece aos que são.
PS. Ah, só como ilustração: o Hércules que não era de Nova Iguaçu, mas da Tessália, na Grécia, morreu queimado por uma poção que sua amante, Djanira, colocara em sua roupa, e que pensava lhe garantir-lhe seu amor. Quando Djanira soube que, em lugar do amor, lhe trouxe a morte, enforcou-se. Não haverá, certamente – que bom – a necessidade de tanto: aos pedaços, este Hércules sobreviveu.
Tijolaço

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Alunos mais pobres ampliam presença em universidades públicas


Participação dos 20% mais pobres da população brasileira na universidade pública aumentou quatro vezes entre 2004 e 2013, segundo a Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE; de acordo com a pesquisa, esses alunos representavam 1,7% do total em 2004 e passaram a ser 7,2% em 2013

"Que a universidade se pinte de negro, de mulato, de operário, de camponês"

Che Guevara

 Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil
A participação dos 20% mais pobres da população brasileira na universidade pública aumentou quatro vezes entre 2004 e 2013, segundo a Síntese de Indicadores Sociais. De acordo com a pesquisa, esses alunos representavam 1,7% do total em 2004 e passaram a ser 7,2% em 2013.
Ao mesmo tempo, a participação dos 20% mais ricos caiu de 55% para 38,8% no período. O mesmo fenômeno ocorreu nas universidades privadas, em que a participação dos 20% mais ricos caiu de 68,9% para 43%, enquanto a dos mais 20% pobres cresceu de 1,3% para 3,7%.
"Houve políticas de ampliação de vagas e outras [medidas] como o ProUni [Programa Universidade para Todos] e as cotas, mas também houve aumentos da renda e da escolaridade média [do brasileiro]", disse a pesquisadora do IBGE Betina Fresneda.
Houve ainda redução da distorção idade-série dos jovens de 15 anos a 17 anos, o que significa que um número maior de alunos está cursando a série adequada à sua idade, isto é, o ensino médio. Se em 2004 apenas 44,2% dos alunos dessa faixa etária estavam no ensino médio, em 2013, o percentual subiu para 55,2%.
Aqueles, nessa idade, que ainda estão no ensino fundamental caíram de 34,7% para 26,7% no período. O número de jovens que não estudam também diminuiu de 18,1% para 15,7%. "Ainda há atraso, que é reflexo do problema que vem desde o ensino fundamental", explica Betina.
Os alunos de 13 anos a 16 anos que ainda estavam fora da série adequada eram 41,4% em 2013, apesar de o número ter caído, já que em 2004, esse percentual chegava a 47,1%.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Genocídio Negro continua! números absurdos da violência no Brasil; "Nós estamos falando num patamar que é quase de extermínio em massa, são 30 mil jovens entre 15 e 29 anos que morrem todos os anos, e destes 77% são negros"



"O assassinato de Michael Brown em agosto ocorreu num subúrbio negro e pobre. O mesmo acontece todos os dias no Brasil", disse ao Favela 247 o diretor executivo da Anistia Internacional Brasil Átila Roque, sobre a tragédia de Ferguson, nos EUA, que levou milhares de americanos às ruas; ele fala sobre a campanha "Jovem Negro Vivo", que divulga números absurdos da violência no Brasil; "Nós estamos falando num patamar que é quase de extermínio em massa, são 30 mil jovens entre 15 e 29 anos que morrem todos os anos, e destes 77% são negros"; ele ressalta que temos números e informações conhecidos há pelo menos três décadas, mas "é como se o Brasil escolhesse entre quais mortes se importar"



No dia 9 deste mês a Anistia Internacional lançou a campanha "Jovem Negro Vivo", com o objetivo de alertar a sociedade dos números absurdos da violência no Brasil. Segundo a pesquisa "Mapa da Violência: Os jovens do Brasil", divulgada este ano, foram contabilizados 56 mil homicídios em 2012, dos quais mais de 50% das vítimas eram jovens com idade entre 15 e 29 anos. 77% dos assassinados eram negros, jovens, e em sua maioria, pobres. O Favela 247conversou com Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional Brasil, sobre esses dados e sobre a comoção social nos Estados Unidos, antes, em agosto, pelo assassinato do jovem negro Michael Brown pela polícia de Ferguson, no estado do Missouri; e agora, pela absolvição do policial que efetuou o disparo. Leia abaixo na íntegra.

Edi Rock - That's My Way - Ft. Seu Jorge

"O gueto sempre tem na frente o inimigo
A policia é racista mais do que ninguém
A favela entre o céu inferno jerusalém
Lamenta, aguenta enfrenta a batalha
Violenta é a vida no fio da navalha
A falha mundial espiritual um fuzil
É um texto dantesco de shakespeare tio tio
Você já viu sangue pobreza demais
Qual o valor verdadeiro pra se encontrar a paz?"





O policial estadunidense que assassinou o jovem negro Michael Brown foi absolvido pelo júri. Isso causou uma grande revolta popular, e há protestos em centenas de cidades. Há algum paralelo entro o que acontece nos EUA e no Brasil? 
O assassinato de Michael Brown em agosto ocorreu num subúrbio negro e pobre. O mesmo acontece todos os dias no Brasil. Os jovens negros são os mais afetados pela violência e sabemos que uma parte destes homicídios é decorrente de intervenção policial. Tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil há uma herança de exclusão social e discriminação associada à juventude negra, que deve ser amplamente discutida e repudiada. A diferença é que no caso dos Estados Unidos, a morte desse jovem pela polícia provocou comoção e revolta, enquanto no Brasil raramente chega sequer às páginas secundárias dos jornais e a sociedade convive com isso como se a morte violenta fosse o destino inevitável desses jovens.
 
Quando mortes como a de Amarildo (que desapareceu no Rio depois de ser detido por policiais), de Claudia (atingida por tiros de PMs e depois arrastada por um carro da polícia) e do dançarino DG causarão a mesma comoção nacional no Brasil que a de Brown nos EUA?
É preciso romper com uma espécie de pacto de silêncio que se estabeleceu em relação a essas mortes, com raras exceções. A indiferença da sociedade com tantas vidas perdidas é uma das nossas maiores vergonhas. Todas as mortes representam uma tragédia e uma perda irreversível. A sociedade tem um papel estratégico na pressão para que esta realidade mude.
 
No Brasil temos uma cultura de naturalização dos absurdos. O racismo, a desigualdade social, e também esse número inaceitável de jovens negros mortos anualmente. Essa naturalização é uma especificidade da cultura brasileira?
Não diria que é uma especificidade brasileira, mas no Brasil ela se revela de uma forma muito dramática, pois estamos falando de números, informações e dados que são conhecidos há pelo menos três décadas. Nós temos dados sobre homicídios desde 1981, dados recolhidos pelo Sistema Nacional de Saúde, o Datasus.
O que acontece hoje é como se o Brasil escolhesse seletivamente entre quais mortes se importar. Se importa com algumas e não se importa com outras. Mas nós estamos falando num patamar que é quase de extermínio em massa, são 30 mil jovens entre 15 e 29 anos que morrem todos os anos, e destes 77% são negros. Só pra você ter uma ideia, é como se caísse um avião cheio de adolescentes e jovens, de 15 a 29 anos, a cada dois dias. Você imagina cair um avião, da TAM, da GOL, a cada dois dias, lotado de jovens e ninguém falar nada?
 
Esse números me parecem comparáveis com os de Estados em guerra
A soma dos dados de 2007 das mortes na guerras no Iraque com os da guerra no Afeganistão é menor do que o número de mortes em homicídios no Brasil durante o mesmo ano. Vivemos uma situação que coloca em questão isso que você chamou de naturalização, que coloca em questão: Qual sociedade nós estamos construindo? Um sociedade que uma parte enorme da população é vista como “matável”, como pessoas que nós podemos suspender seus direitos e achar que podem morrer, que estão destinadas a morrer. Essa ação da Anistia está querendo antes de mais nada tentar romper com essa muralha de indiferença, com essa barreira de silêncio que se constituiu ao longo do tempo em torno desse tema. Porque eu não acredito que as pessoas de fato estão confortáveis com isso. Acho que elas estão anestesiadas.

Qual é o papel da imprensa nisso tudo?
A imprensa tem um papel fundamental porque, de certa maneira, participa da invisibilização. Quando deixa de ser notícia o extermínio de jovens quase crianças, quando isso passa a ser um pé de página no noticiário da grande imprensa, é um sinal de que nós estamos, como sociedade, doentes. Acho que não se trata de responsabilizar apenas a imprensa em relação a isso, a sociedade não está cobrando isso daqueles que têm poder, entre eles a imprensa. É isso o que precisamos romper: esse sentimento de indiferença.
 
Mesmo dentro do aparelho repressor do Estado, a polícia, há jovens negros e pobres que participam ativamente dessa estrutura de  morte.
Infelizmente nossa estrutura de segurança pública está voltada a combater um inimigo interno. É como se nós tivéssemos vivendo uma situação de guerra, em que os territórios – objeto dessa guerra –, são onde vivem a maior parte dessa população pobre, negra e jovem. E é uma tragédia isso, porque nós acabamos trabalhando o tema da segurança como se fosse um sistema voltado pro controle e repressão, e não um sistema que deveria estar voltado para a garantia e afirmação dos Direitos, e antes de mais nada do Direito à Vida. É preciso que se diga: se olharmos de uma forma integral, a polícia acaba sendo algoz dessa vitimização de jovens negros, mas de certa maneira também vítima, porque o número de policiais que morrem nessa guerra é muito alto. E são policiais jovens, são policiais em sua grande maioria negros. São meninos e tem algumas meninas que estão também perdendo sua vida numa guerra sem sentido.

Isso não seria um resultado da guerra às drogas?
Exatamente, o que é um absurdo. Acredito que temos de repensar o lugar da polícia, repensar o tema da militarização. Por que nós temos uma polícia com um grau de militarização tão alto? Isso é um resquício de um modo de ver a segurança pública que transforma o cidadão em inimigo.
É uma lógica da Polícia Militar, mas que contamina toda a estrutura da polícia. Mesmo a Polícia Civil tem uma lógica de combate ao crime que é ancorada na ideia da guerra. A militarização transcende a forma institucional da Polícia Militar.

Já na história da criação da Polícia Militar há uma lógica de proteger uma classe e segregar a outra.
Isso está arraigado na história do Brasil, nas nossas instituições, e polícia não é exceção. Elas estão organizadas para proteger quem tem a propriedade, e no caso da polícia, ela presta mais atenção a isso do que à defesa da vida.
 
Isso faz parte de uma arquitetura da exclusão do negro e do pobre?
Arquitetura da exclusão, do silenciamento, da invisibilidade, e da impunidade, que talvez seja o que está por detrás disso tudo. O grau de impunidade que perpassa a Justiça brasileira é muito alto, e essa impunidade é seletiva, ela não é uma impunidade que atinge a todos da mesma maneira. Ela é impune em relação a alguns crimes e não a outros.
 
A Anistia Internacional está fazendo a campanha “Jovem Negro Vivo”, para tentar mostrar o absurdo desses números. Quais ações que a sociedade deveria fazer para mudar esse quadro?
Uma forma de pensar a situação que estamos vivendo hoje, em especial ao homicídio de jovens, é pensar o que nós fizemos na década de 1990 com a fome e a miséria. Nós transformamos a fome e a miséria em um campanha. Nós tínhamos um herói civil, o Betinho de Souza, que colocou na agenda pública o tema da fome. E o Brasil saiu do mapa da fome. O que nós queremos de fato é que agora o Brasil saia do mapa dos homicídios.
 
Já no início do governo Lula houve o programa Fome Zero, que posteriormente cresceu o virou o Bolsa Família. Para eles existirem foi necessário vontade política. Há hoje vontade política para reduzir o número de jovens negros e pobres assassinados?
Teve um vontade política que foi primeiro um impulso vindo da sociedade, que forçou o governo a priorizar políticas com extensão efetiva à questão da fome, a questão da miséria e a questão da pobreza. O que nós queremos é ver a mesma coisa em relação aos homicídios. Precisamos de uma política de redução de homicídios que seja efetivamente prioridade nacional, que integre as diferentes instâncias do poder público federal, estadual e municipal. Que invista recursos. Eu acho que necessariamente começa com o poder central. O poder federal precisa sinalizar que isso é prioridade efetiva. Mas não é só o poder federal, envolve a Esplanada dos Ministérios e toda a sociedade. E as outras instâncias do poder público que se mobilizem pra isso.
Hoje nós até temos políticas pontuais que são exemplares, mesmo na esfera federal, se você pensar um programa como o Juventude Viva. Ele, no seu desenho, é um programa meritório, é um programa bonito, que pensa o tema da redução de homicídios a partir de umas perspectiva interessante. Mas ele não tem escala, não tem recurso, não tem priorização. É isso o que queremos: que isso vire o objetivo nº 1. O nosso objetivo nº 1 não é controlar a inflação, é reduzir a morte dos nossos jovens, acho que essa é a prioridade. É isso que deveria estar todos os dias na primeira página de todos os jornais. De novo, você pensa um avião caindo a cada dois dias. Você imagina se cai um avião a cada dois dias e não é notícia? E é isso o que está acontecendo: cai um avião a cada dois dias lotado de adolescentes e jovens, de 15 a 29 anos, e isso está acontecendo hoje, nesse momento em que estamos conversando. Por isso que eu não consigo ver outra prioridade pro Brasil que não seja a redução dessa tragédia social.
 
Você acredita que há espaço político para pressionar o Governo e o Congresso?
Acredito que o Brasil viva um momento muito instigante do ponto de vista da vitalidade cívica. As pessoas estão buscando alternativas, estão buscando outros espaços de participação, estão questionando as instituições, todas elas. Os partidos políticos, as ONGs, os movimentos organizados. Há uma fome por novas formas de intervenção. É uma oportunidade para enfrentarmos esses temas que foram silenciados. Eu sou um otimista, acredito muito no ser humano, na capacidade de nos indignar, de criar empatia, de sentir, de desenvolver um sentimento de solidariedade com o outro. É isso que estamos precisando: sair da nossa inércia, acordar de um estado de anestesia, para qual nós fomos de certa forma levados, e dizer que não em nosso nome. Isso não é possível de continuar.
 
O Projeto de Lei 4471/12, de autoria do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), prevê a instauração de inquérito em todos os casos de mortes cometidas por policias, o que acabaria com os autos de resistência. O senhor acredita que se aprovado, esse PL ajudaria a reduzir o número de jovens assassinados no Brasil?
Sim, a Anistia Internacional se posiciona a favor deste PL. Os chamados “auto de resistência” funcionam quase como uma carta branca para matar, já que parte do pressuposto de que a morte foi resultado de um confronto. Sabemos que isso não corresponde à realidade. As taxas de homicídios da polícia no Brasil estão entre as mais elevadas do mundo. Isto é resultado de uma força policial militarizada, que vê os jovens, em especial os negros, como potenciais inimigos numa política de “guerra às drogas” que vem sendo questionada e abandonada em várias partes do mundo. A polícia brasileira mata muito, amparada por procedimentos legais que perpetuam a impunidade e a falta de controle externo e responsabilização. Cabe dizer que policiais – em serviço e fora dele –  também são vítimas frequentes da violência letal. E isso também faz parte desse quadro trágico.
 "Meu país demonstrou vergonha de ter minha cor"
Mano Brown

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

RAP Salva e Transforma Vidas!!



Documentário de alunos da PUCPR mostra o RAP como resistência às desigualdades



Já há muito tempo, a cultura Hip Hop
resulta em diversos trabalhos escolares e de graduação, seja
diretamente sobre os seus artistas, seja sobre suas consequências nas
periferias; há pouco tempo mesmo, Mano Brown foi tese de doutorado.


Nesta toada, alunos
de jornalismo da PUCPR produziram o documentário “A nova ordem”.
Segundo eles, “o objetivo é mostrar que o RAP não é apenas um estilo musical, mas é uma forma de resistência às desigualdades da sociedade”.


Para isso, eles convidaram André Laudz, Karol Conká, São Nunca, todos de Curitiba/PR, e o Terceira Safra, de São Paulo.


“Nova ordem” foi dirigido por Shaiene Ramão e produzido nos meses de outubro e novembro de 2013.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O ebola não era ebola, Marina não era de esquerda. Com o que mais a mídia vai te assustar?

 

Felizmente, o segundo exame de sangue, definitivamente, confirmou que não havia contaminação pelo vírus ebola no africano que teve febre no Paraná.

Marina Silva, a quem a imprensa apresentava como “terceira via”, atirou-se nos braços de Aécio Neves e do tucanato, mesmo depois do mise en scène de dizer, com todas as letras,  que não subiria nos palanques do PSDB.


Cada dia  que se passa sinto mais nojo dessa elite branca brasileira, e do senso comum!!!

A Petrobras, que dizem acabada e despenca na Bolsa achando um mar de petróleo, sobe 30% em uma semana, com a perspectiva de Aécio faze-la voltar aos tempos da Petrobrax de Fernando Henrique.

E a inflação que “está descontrolada”, como dizem, embora seja  menor do que em qualquer dos dois governos do PSDB?

E o “apagão” que ia haver?

E a água de São Paulo, que ia durar até março?

E a Copa, que não ia ter estádio e ia ser um fracasso de organização?

Não vou esticar a lista para não cansar o leitor.

Mas…e se a história de corrupção desenfreada  no Governo –  na qual o corrupto foi demitido por Dilma, há mais de dois anos – também for uma destas historinhas?

Não tem problema, não é?

Até lá, quem sabe, ganham as eleições.
Do http://tijolaco.com.br/blog/?p=22076
Por Fernando Brito

terça-feira, 23 de setembro de 2014

#PrimaveracomDilma


A jornada #PrimaveracomDilma é uma ação de artistas, ativistas e produtores culturais comprometidos com a continuidade das mudanças do Brasil.

Se você se sente parte disso, então você já é um membro da #RedeCulturacomDilma e pode promover sua atividade, propor uma ação, criar uma situação para nos ajudar a conseguir os votos que faltam para reelegermos a presidenta.

Estamos recolhendo depoimentos de apoiadores do setor cultural em vídeo, texto e foto.

Também queremos ampliar a polifonia e expor as múltiplas razões para seguirmos transformando o Brasil. Por isso, se você tiver um texto, nos envie.

Fique atento também à agenda. E vamos nos mobilizar.

Para falar conosco, entre em contato pelo email: primaveracomdilma@gmail.com